Que mulher não gostaria de ter uma barriguinha chapada, como a das modelos que ilustram as páginas desta reportagem? Daí para sonhar com a chegada da pílula mágica é um pulinho. A aprovação do Acomplia – o medicamento que promete vencer a gordura teimosa ao redor da cintura – atiçou ainda mais esse desejo. Mas, antes de correr atrás desse remédio (e pagar uma fortuna), descubra para quem é indicado.
Por Eliane Contreras |
O Acomplia, a tão falada pílula antibarriga, nem ganhou as ruas – o que está previsto para acontecer entre julho e agosto – e as mulheres já estão loucas para garantir sua caixinha. A promessa é realmente tentadora: encolher até 8 centímetros ao redor do abdômen em menos de um ano. Porém, se você só tem 2 ou 3 quilinhos para perder e pensa em recorrer à pílula para abotoar aquele jeans tamanho 38, esqueça! Ela não é indicada para resolver dissabores estéticos. Serve, isso sim, para quem tem gordura na cintura acima do limite sem estar, necessariamente, com excesso de peso.
Fita métrica
Para saber se você faz parte do clube da cintura grossa, que, pasme, reúne 50% dos brasileiros adultos, basta pegar uma fita métrica e medir sua cintura. Se ela tiver mais de 80 centímetros, você é candidata a um punhado de doenças provocadas pela gordura visceral, aquela que se acumula no abdômen. Inimiga do coração, essa gordura faz um estrago danado na saúde: por estar próxima ao fígado e liberar ácidos graxos para esse órgão, aumenta os triglicérides e o colesterol ruim e diminui o bom. “A gordura abdominal também produz substâncias que causam resistência à insulina e propensão ao diabetes”, diz o endocrinologista Alfredo Halpern, chefe do departamento de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas de São Paulo. Por isso o entusiasmo da comunidade médica e científica em torno do Acomplia.
Menos fome
Fabricado pelo laboratório francês Sanofi -Aventis, essa superpílula ainda reduz a fome. E como isso acontece? O rimonabanto, seu princípio ativo, inibe as substâncias endocanabinóides, responsáveis entre outras coisas pelo controle do apetite. Quando a produção dessas substâncias está desregulada, a fome aumenta e vira gula. Elas também interferem no colesterol e no acúmulo de gordura. É aí que o Acomplia entra em ação – diminui o apetite e estimula a queima de gordura especialmente no abdômen. Todo esse mecanismo foi descoberto a partir de estudos sobre os efeitos da maconha. Os cientistas buscavam uma explicação para a “larica”, o desejo de comer doce que a droga desperta em parte dos usuários. Eles descobriram que a erva hiperativa o sistema endocanabinóide.
O lado ruim
Não dá para dizer que o Acomplia é o aliado mais poderoso no combate às gordurinhas. “O remédio é a melhor opção no caso da obesidade causada por distúrbios no sistema endocanabinóide”, adverte o endocrinologista carioca Walmir Coutinho. Mas existem muitas outras causas para o problema que pedem soluções diferentes. Além disso, o preço do produto importado é pra lá de salgado: cerca de 400 reais a caixa com 28 comprimidos (estima-se que no mercado brasileira vá custar 30% a menos). E ainda há o risco de efeitos colaterais: enjôo, tontura, sono e depressão. Outro sinal de que a pílula não é mágica: o uso não dispensa a dupla dieta e exercício e se engordar de novo, depois do tratamento, a barriga volta.
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